Cinco varejistas brasileiras entram para ranking das 250 maiores do mundo, aponta Deloitte

Date:

Concorrendo com as gigantes Walmart e Amazon, cinco empresas brasileiras passaram a ocupar espaço entre as 250 maiores do varejo global. É o melhor desempenho histórico do País no ranking da Deloitte. Mesmo em um cenário de consumo pressionado pelos juros altos e endividamento das famílias, a consultoria entende que a presença brasileira cresceu em função do tipo de estratégia adotada pelas varejistas nacionais.

continua após publicidade

Assaí, Magalu, Raia Drogasil, Casas Bahia e Natura são os nomes nacionais que aparecem na lista. Todas elas apostaram em modelos de negócio baseados em bens essenciais, digitalização e preços acessíveis. E esses focos vêm dando resultados. O Assaí, por exemplo, não apenas entrou na lista como atingiu a posição mais alta já ocupada por uma empresa brasileira no ranking, o 92º lugar.

Até o ano passado, o Brasil costumava ter, no máximo, três representantes entre as 250 maiores. Para o sócio líder de Consumer da Deloitte, Paulo de Tarso, a entrada de mais companhias brasileiras no ranking reflete uma combinação de fatores: gestão estratégica, investimentos em tecnologia e uma resposta ágil às transformações de consumo. “Essas companhias souberam unir eficiência operacional com responsabilidade social e sustentabilidade. Isso tem peso no cenário global”, afirma.

continua após publicidade

A consistência financeira acompanha o movimento. O Assaí registrou lucro líquido de R$ 769 milhões em 2024 e receita de R$ 73 bilhões, alta anual de 8,3% e 11%, respectivamente. Isso porque o modelo de atacarejo, que combina preços baixos, foco em bens essenciais e expansão acelerada de lojas, tem se mostrado resiliência diante de um consumidor mais sensível a preço.

O viés financeiro positivo também é visto no desempenho de Raia Drogasil, que encerrou 2024 com lucro ajustado de R$ 1,3 bilhão e receita R$ 38 bilhões, avanço anual de 16% e 14%, respectivamente. Neste caso, a capilarização da rede e o foco em conveniência são estratégias que alinham a empresa a tendências globais destacadas pela Deloitte.

O Magazine Luiza, por sua vez, entrou no ranking após anos de investimento em digitalização. O Luiza Labs, núcleo de tecnologia criado em 2012, deu início à transição digital da empresa – que avançou de forma decisiva a partir de 2016, com o lançamento do marketplace. A companhia passou a operar com um modelo que integrava varejo, logística, serviços financeiros e tecnologia.

continua após publicidade

Hoje, boa parte das vendas do Magalu ocorre pelo aplicativo próprio, e a empresa utiliza dados e automação para melhorar a jornada de compra. De acordo com a Deloitte, esse tipo de integração é um dos principais fatores de crescimento entre as varejistas que mais se destacaram no último ano.

Caso emblemático

Outra companhia que entrou no ranking, mas que tem um caso emblemático é a Casas Bahia. Em 2023, a empresa enfrentou prejuízos significativos e entrou com pedido de uma recuperação extrajudicial. Após isso, a companhia iniciou um processo de reestruturação que começou a dar resultado no quarto trimestre de 2024: o prejuízo foi reduzido em 54,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o Ebitda (resultado operacional) ajustado avançou 300%, atingindo R$ 640 milhões.

continua após publicidade

Mesmo diante de um cenário adverso, a Casas Bahia ocupa um lugar na lista das varejistas por demonstrar como uma estratégia de recuperação (turnaround, no termo em inglês) “bem executada”, o que pode sugere uma recuperação de competitividade.

A Natura completa o time mantendo-se firme no ranking com uma proposta de valor ancorada em sustentabilidade e inovação. Apesar de enfrentar obstáculos fora do Brasil com as operações da Avon, a empresa continua sendo referência global em propósito – algo que, segundo a Deloitte, ganha cada vez mais relevância entre as novas gerações.

Em geral, os bens de consumo essenciais representaram 65,5% da receita das empresas do Top 250, reforçando a força de segmentos como alimentação, saúde e higiene. Embora América do Norte e Europa ainda concentrem 83% das companhias listadas, a ascensão de países como Brasil, Índia e Indonésia sugere que a competição no varejo global tem ficado mais acirrada.


source

Share post:

Subscribe

spot_imgspot_img

Popular

More like this
Related

Nuggets reagem no jogo 7, eliminam Clippers e avançam nos playoffs da NBA

Após sofrer uma dura derrota no sexto jogo da...

Pai e esposa de professora morta são ouvidos; polícia impõe sigilo nas investigações

A esposa da professora que foi encontrada morta, na...

Jovem morre na frente dos pais em acidente de moto no Paraná

Um motociclista de 29 anos morreu na tarde deste...

Trump posta foto de IA vestido de papa e gera polêmica

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou na...